Sobre o livro: 2014 / Mesmo que nos encontremos incapazes de aceitar a natureza fictícia da realidade objetiva, pelo menos nós podemos compreender que a nossa experiência é, em última análise, um produto do nosso aparelho perceptivo. E se compreendermos isto, podemos também perceber que os elementos da tridimensionalidade também devem ser um produto deste aparato. Isto é, a capacidade de reproduzir fenómenos em termos de comprimento, largura e altura deve ser um aspecto funcional do nosso próprio aparelho - pois não há nenhuma maneira concebível pela qual o espaço "em algum lugar lá fora" de alguma forma apareça "em algum lugar aqui" apenas para ser preenchido com os objetos de nossa percepção. Mas como a própria existência do aparelho depende do facto de o espaço ser uma coisa independente, e não simplesmente um derivado de si mesmo, toda a ideia desmorona sob o seu próprio peso quando percebemos o que foi dito acima. Em outras palavras, quando realmente pensamos sobre isso, percebemos que a suposição da existência de uma realidade objetiva acarreta o absurdo de que o aparelho de percepção exista dentro de um produto de sua própria produção. “Mas”, você pode objetar, “e se houver outro espaço que também exista?” E se houver algo “semelhante” ao espaço da nossa percepção? A resposta é simples. Não pode haver outro “espaço” porque “espaço” é simplesmente a maneira como as coisas são vistas em termos de comprimento, largura e altura – e perguntar se isso pode existir independentemente do nosso aparato perceptivo é tão inútil quanto perguntar se deveria haver algo “ semelhante” a este. Qualquer um que diga que o “espaço” pode existir simplesmente não entendeu o que é: não é algo independente, mas simplesmente a maneira como tudo se torna aparente.